Ensinar matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental é um desafio constante para educadores. A disciplina, frequentemente vista com dificuldade por muitos alunos, exige não apenas domínio de conteúdo por parte do professor, mas também a adoção de metodologias que tornem o aprendizado mais acessível, envolvente e significativo.
Com o avanço da educação 4.0 e o foco em desenvolver competências e habilidades conforme a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), novas abordagens pedagógicas têm se mostrado eficazes para transformar a maneira como a matemática é ensinada.

Neste artigo, você vai conhecer estratégias modernas e práticas para ensinar matemática de forma inovadora, despertando o interesse dos alunos e promovendo uma aprendizagem de verdade.
Por que repensar o ensino da matemática nos anos iniciais?
Nos primeiros anos escolares, a matemática precisa ser compreendida de forma concreta. Isso significa que, antes de memorizar fórmulas ou algoritmos, a criança deve entender os significados por trás dos números, das operações e das situações-problema.
Por isso, metodologias mais interativas e lúdicas são fundamentais para construir uma base sólida. Ensinar apenas com exercícios repetitivos, sem contexto ou relação com a vida real, afasta o aluno da disciplina e prejudica seu desempenho futuro. A seguir, veremos métodos que podem ser aplicados para deixar o ensino da matemática mais divertido e atrativo.
1. Aprendizagem baseada em jogos
O uso de jogos matemáticos é uma das abordagens mais eficazes para os anos iniciais. Eles tornam o conteúdo mais atraente e ajudam os alunos a desenvolverem raciocínio lógico, estratégia, contagem e operações básicas de forma divertida.
Exemplos práticos:
- Jogos de tabuleiro com operações matemáticas.
- Aplicativos educativos como “Matific” ou “Kahoot”.
- Jogos de cartas que envolvem contagem e comparação de números.
Benefício pedagógico: aumenta o engajamento e reduz a ansiedade matemática.
2. Resolução de problemas com situações do cotidiano
Ensinar matemática com base em problemas reais aproxima o conteúdo da realidade do aluno. Situações como dividir um lanche, calcular troco ou medir ingredientes em receitas são excelentes para contextualizar o ensino.
Como aplicar:
- Crie problemas envolvendo o ambiente da escola, da casa ou do bairro do aluno.
- Estimule a formulação de perguntas por parte dos alunos.
- Trabalhe com situações abertas, que permitem mais de uma solução.
Benefício pedagógico: desenvolve o pensamento crítico e a capacidade de aplicar o conhecimento.
3. Uso de materiais concretos e manipuláveis
Crianças aprendem melhor quando conseguem ver e tocar os conceitos. Blocos lógicos, ábacos, tampinhas, palitos, cubos e materiais recicláveis são ferramentas poderosas para representar ideias matemáticas.
Dicas de atividades:
- Utilizar palitos de picolé para somar e subtrair.
- Construir gráficos com tampinhas coloridas.
- Agrupar objetos para trabalhar noções de dezenas e unidades.
Benefício pedagógico: facilita a visualização de conceitos abstratos e melhora a compreensão.
4. Matemática na arte, música e movimento
Incorporar a matemática a outras áreas do conhecimento estimula diferentes tipos de inteligência e torna o ensino mais completo. Por exemplo, é possível explorar ritmo e contagem com músicas, formas geométricas em desenhos ou medidas e simetria em atividades corporais.
Sugestões interdisciplinares:
- Desenhar padrões e formas com figuras geométricas.
- Criar músicas com batidas que seguem uma sequência numérica.
- Atividades com movimento para representar multiplicações ou divisões.
Benefício pedagógico: amplia a percepção da matemática no mundo ao redor.
5. Tecnologia como aliada da matemática
O uso consciente de tecnologias digitais pode potencializar o ensino da matemática. Existem plataformas adaptativas, jogos online e vídeos explicativos que complementam a aprendizagem e promovem o ensino personalizado.
Ferramentas recomendadas:
- YouTube Edu: vídeos didáticos com linguagem infantil.
- Khan Academy: lições adaptadas ao ritmo do aluno.
- GeoGebra: para explorar formas e medidas.
Benefício pedagógico: oferece feedback imediato e promove o protagonismo do aluno.
6. Aprendizagem colaborativa e rodas de conversa
A matemática também pode (e deve!) ser ensinada de forma colaborativa. Trabalhar em grupo permite a troca de ideias, o confronto de estratégias e o respeito ao tempo e raciocínio do outro.
Como aplicar:
- Promova rodas de conversa para que os alunos expliquem como resolveram um problema.
- Incentive o trabalho em duplas ou trios.
- Valorize diferentes caminhos para chegar à mesma resposta.
Benefício pedagógico: desenvolve habilidades sociais e o pensamento matemático verbalizado.
7. Avaliação formativa e contínua
Mais do que provas escritas, os alunos dos anos iniciais precisam ser avaliados constantemente em suas atitudes, raciocínio e progresso. A avaliação formativa observa o processo de aprendizagem e permite intervenções pedagógicas no momento certo.
Estratégias avaliativas:
- Registros em portfólios.
- Autoavaliações e avaliações entre pares.
- Observação e registros do professor.
Benefício pedagógico: valoriza o processo de construção do conhecimento, e não só o resultado final.
Conclusão: uma matemática viva, concreta e significativa
Ensinar matemática nos anos iniciais exige sensibilidade, criatividade e planejamento. Abandonar práticas tradicionais em favor de abordagens mais lúdicas, contextualizadas e interativas é essencial para formar alunos que gostem de matemática e a vejam como uma ferramenta útil para a vida.
Com essas novas abordagens, o professor se transforma em um mediador do conhecimento, e o aluno se torna protagonista da própria aprendizagem. Afinal, a matemática está em tudo – e cabe a nós, educadores, torná-la visível, compreensível e apaixonante desde os primeiros anos escolares.
Fontes consultadas:
- BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ministério da Educação, 2017.
- SMOLE, Kátia; Diniz, Maria Ignez. Educação matemática: desafios e perspectivas para os anos iniciais. Autêntica, 2018.
- LORENZATO, Sérgio. O que é matemática? Autêntica, 2006.
- PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Artmed, 1994.
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